quinta-feira, outubro 26, 2006

Crónicas de Évora:

É verdade, ontem à noite fui ver a Cesária Évora tocar aqui em Munique. Sala cheia e tudo muito formal, como não podia deixar de ser.
Entrou Lura, para o opening act. Não conhecia mas devo dizer que descobri novos limites para a elasticidade humana. Essa senhora baila assustadoramente, como se lhe tivessem feito Voodoo. Do batuco ao funáná e por aí fora, ela correu-as todas. Só me lembrava das meninas de Angolares... Hummmm, dá-me um sôdad, nha crechéu...

e eis que vestida de azul bébé e descalça lá entra a Miss. Bastou isso. Entrar. Poderia ter saído logo ali, tal era a devoção daquela gente toda... Não faço ideia se havia mais portugueses ou africanos na audiência, mas as alemãs ao meu lado pareciam possuídas, ainda que sentadinhas na cadeira. Claro, ninguém de pé a dançar, (que vergonha) tudo muito sossegadinho nas cadeiras a ouvir.

"Mi, comme d'habitude, Cesária Évora..."
"Agora eles vão tocar instrumental, que mi vai sentar, estão a compreender?"
e pimba, senta-se na cadeira, em frente à mesinha com a toalha de renda, bebe um copo e acende um cigarro... à grande.
Só faltava a boquilha para ser ainda mais harlem nos anos 50.

"Sôdad, Sôdad, Sôdad, dess'nha terra São Nicolau..."

"Petit Pays, je t'aime beaucoup, Petit Petit, je l'aime beaucoup..."

"Dizem que beijo roubado..."

"África, África, África minha, África Nossa..."

Impressionante foi a transformação da sala quando ela voltou para as duas músicas do encore. Bem, parecia um baile no terreiro da aldeia, com gente em cima do palco, gente nas escadas, tudo tolinho a abanar-se... mto nível.
E fui obrigado a rever a minha opinião de que a generalidade das alemãs não tem ritmo e não sabe dançar.
Que las hay, las hay...

Obrigado, nha crechéu.

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Me fez lembrar o show que a Maria de Barros (protege da Cesaria Evora) deu aqui em Seattle...

8:18 da tarde  

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